Blog

Influenciadores, tendências e a comunicação digital.

Publicado dia 04/11/2019


Os desafios da comunicação digital foram bem debatidos durante os dois dias do FIC 2019. Reunimos insights interessantes para compartilhar. Essa é só a parte 1!

O Festival de Interatividade e Comunicação - FIC 2019, evento idealizado pela ABRADi-RS, reuniu muita gente competente e abordou três grandes temas: conteúdo + engajamento, experiência + consumo, tecnologia + convergência durante os dias 28 e 29 de outubro, no campus da Unisinos, em Porto Alegre (RS). O evento trouxe muita informação relevante para quem precisa entender a lógica (ou a inversão de lógica) da comunicação digital. Para começar, confira o que foi dito sobre marketing de influência e análise de tendências.

 

Marketing de influência na comunicação digital: a estratégia vem antes dos influenciadores.

A primeira palestra sobre o tema foi da Bia Granja, do Youpix, que frisou que a marca, hoje, faz parte de uma comunidade, perdeu o papel de protagonista que teve no passado.

Lembrou que marketing de influência não é só sobre contratar influenciadores, mas sobre ser relevante para uma audiência. Alertou sobre o cuidado para não se transformar em uma “marca golfinho”.

O que o é uma “marca golfinho”? É aquela que chega em uma comunidade pelas mãos do influenciador, faz uma brincadeirinha e depois vai embora, nunca mais volta.

E qual o papel do influenciador em um projeto de comunicação digital? De uma forma mais ilustrativa, os influenciadores convidam a marca para uma festa, levam esta marca até lá e ajudam a conectá-la com aquelas pessoas, por meio de um comportamento compatível e da linguagem adequada. Depois, porém, é preciso andar com as próprias pernas, ter continuidade e consistência. Entra em cena, a importância da estratégia, que foi desmembrada nos pontos abaixo:


Pontos da estratégia do marketing de influência em um projeto de comunicação digital:

  • Estabelecer os objetivos da ação: você precisa falar com um público mais abrangente ou mais restrito? Alcance, engajamento, comentários e sentimentos sobre os comentários são as principais métricas acompanhadas pelas marcas em uma estratégia de marketing de influência.
  • Estudar o seu público-alvo, principalmente seus valores e interesses.
  • Delimitar o orçamento e lembrar que o influenciador NUNCA será um garoto-propaganda. Ele é o criador que sabe como se conectar com aquela comunidade. É preciso ter esta clareza ao trabalhar com um influenciador. 
  • Definir objetivos mensuráveis do projeto de comunicação digital, já que esses objetivos definirão a rede a ser trabalhada. Para ser bem-sucedido, também é preciso entender as conversas que estão acontecendo. Fica aqui um alerta: muitas marcas geram conversas que não interessam. 
  • Pensar na sua narrativa, ou seja, especificar o que você gostaria de dizer e, então, partir para a criação de como dizer tudo isso com o influenciador, que será um cocriador.
  • Mapear os influenciadores e estudá-los profundamente, para que haja um alinhamento entre entre os valores da marca, da comunidade e do influenciador. A marca tem um problema quando não está alinhada com os valores daquela comunidade. E aqui cabe mais um alerta: personalize, de verdade, a mensagem para o influenciador quando for abordá-lo para uma ação de comunicação digital. Faz diferença quando ele percebe que uma marca acompanha seus passos, conhece o seu trabalho.

  • Contratar os influenciadores com base nos critérios que são importantes para a sua marca.

 

Concluída a parte estratégica, é o momento de preparar o briefing, começar a produção, publicar, amplificar, otimizar, mensurar, analisar e retroalimentar a estratégia de comunicação digital com informações. Por fim, crie um banco de dados para registrar seu aprendizado com os influenciadores. Entender o que funciona economiza tempo e dinheiro.

 

Análise de tendências: isso é para mim?

“Se o passado pertence à história, o futuro pertence à estratégia”. Essa foi uma das principais mensagens da palestra da Patrícia Sant’Anna, da Tendere, que falou sobre a importância de antevermos as transformações que poderão impactar nossos negócios.

Hoje, as informações são acessíveis e podemos utilizá-las a nosso favor: 70 a 80% dos dados considerados para identificar tendências estão disponíveis na internet. Significa, portanto, que ninguém tem uma antena melhor do que ninguém: é só uma questão de buscar ativamente a informação. Pesquisa de tendência é construção científica de informação.

Então, o que pode atrapalhar o trabalho de coleta e análise da informação? O processo de desinformação não é só fake news, é acomodação. Sabe aquele pensamento “quando eu precisar, a informação vai estar lá”? O lado perverso desse comportamento é deixar tudo para a última hora… Já viu esse jeito de funcionar em algum lugar?

Quando os fatos acontecem e somos pegos de surpresa, não é que ninguém avisou. Na verdade, ninguém parou para analisar, para pensar. Nosso calcanhar de Aquiles, no Brasil, é não conseguir realizar um planejamento de longo prazo: somos campeões em jogar no lixo processos que estão em andamento.


No que deveríamos, então, prestar mais atenção?

  • As relações de consumo mudaram completamente com a internet, por isso é importante analisar profundamente os diferentes papéis de comprador, consumidor e cliente. Qual a lógica que faz alguém efetivamente comprar um produto / serviço? Como este produto ou serviço é utilizado? Como eu me relaciono com o meu cliente diante de todas as novas possibilidades da comunicação digital?
  • O sistema de troca mudou e a economia é um sistema de troca. Dois exemplos dessa mudança são a economia circular, que tem a ver com a sustentabilidade e a responsabilidade por todo o ciclo do produto (inclusive seu descarte e reutilização) e a economia do compartilhamento, onde a propriedade já não é mais tão necessária.
  • Se há mudanças na economia, mudam também os valores simbólicos pelo qual compramos. Uma mesma marca pode ter diferentes significados, portanto, é preciso entender os gostos dos clientes (que, na verdade, refletem seus valores) para estabelecer esse diálogo.
  • A jornada de compra é cada vez mais fluida e complexa. A efetivação de uma compra acontece cada vez mais nos dispositivos móveis, mas a jornada completa pode levar de segundos a meses.
  • A diversidade cultural deu mais visibilidade a todos, está em processo de consolidação e não tem volta. Cada vez mais, é um fator importante importante para produtos e serviços. Os arranjos familiares também estão em reconstrução.
  • Multiculturalismo e diversidade das religiões também são uma realidade que deve ser considerada.
  • Atualmente, há cinco gerações economicamente ativas, com visões de mundo completamente diferentes. Precisamos entender com quem estamos falando. Será que a comunicação digital se aplica da mesma forma a todos?
  • Propósito, ética e sustentabilidade são comportamentos consolidados, não são tendências.
  • Vivemos em um mundo híbrido, com experiências que se misturam em várias áreas.
  • Nos negócios, já pensamos sobre o que oferecemos (e como produzimos)?
    O processo de desmaterialização está em andamento: do que precisamos para trabalhar?
    O que nossos clientes precisam? Eles estão em busca de um serviço ou de um produto? Colocamos o cliente no centro de tudo?
    Temos um mindset de startup, prontos para modificar?
    Conseguimos customizar radicalmente nossas soluções?
    Nosso escritório é flexível?
    Nosso pensamento estratégico é flexível?

A análise de tendências pode (e deve) fazer parte do dia a dia dos nossos negócios. Na essência, é o desafio de entender o que está sensibilizando as pessoas, o que está mexendo com a audiência.

E você, está conectado com a sua audiência, como se comunica com ela? Conta para a gente nos comentários.